Boas Vindas!


Caros colegas,

sempre acreditei que uma sociedade bem informada e esclarecida acerca de seus direitos e deveres se tornaria imune a corrupções e "bandalheiras". Infelizmente, vivemos em um país lindo, porém cheio de adversidades dentre as quais a ignorânica é a que considero pior. Quando digo ignorância, me refiro à falta de conhecimento, de informação, elementos sem os quais nos tornamos vulneráveis. Por este motivo, resolvi criar este blog para compartilhar um pouco dos conhecimentos que venho adquirindo ao longo dos meus estudos e do meu trabalho como advogada. Sei que minha jornada será grande e que está apenas no início, por isso estarei aberta a novos conhecimentos também. Que este espaço seja utilizado para a troca de experiências e informações, visando o crescimento comum.
Como nem todos os textos são escritos por mim, gostaria de lembrar que o conteúdo é de responsabilidade dos respectivos autores e nem sempre representará minha opinião sobre o assunto.

Grande abraço a todos e sejam bem-vindos!


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Recusa ao teste do bafômetro x culpa presumida



Tendo em vista o impasse que surgiu perante o parecer da Advocacia-Geral da União sobre a possibilidade ou não de prisão nos casos em que houver recusa à realização do teste do bafômetro, o PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira - apresentou, no dia 16 de setembro de 2009, o Projeto de Lei nº 6.062/09 para criar a culpa presumida em tais casos.

O projeto prevê culpa presumida quando ocorrer a recusa ao teste do bafômetro e houver sinais claros de embriaguez. A intenção é impedir que os motoristas se valham do princípio constitucional de não ser obrigado a produzir prova contra si mesmo para burlar a lei.

Em particular opinião, apesar das grandes chances de rejeição do referido projeto por inconstitucionalidade, entendo ser um posicionamento correto, ao menos em parte. A despeito das peculiaridades de cada caso, assim como ocorre hoje com os testes de DNA para investigação de paternidade, a recusa ao teste do bafômetro também deveria originar a culpa presumida quando aliado a claros sinais de embriaguez. 

Cabe lembrarmos que nenhum princípio é absoluto. Logo, em se tratando de conflito deste princípio constitucional com a triste realidade comprovada por estatísticas do elevado número de mortes no trânsito causada por motoristas embriagados, acredito ser esta última situação mais relevante.

No entanto, o referido projeto de lei não resolveria o problema por inteiro. A grande problemática é: a quem caberia a análise da existência ou não dos sinais de embriaguês? À autoridade policial, baseando-se única e exclusivamente no seu convencimento de forma discricionária? Com certeza iríamos nos deparar com casos de abuso de autoridade expressos.

Entendo ainda, que o grande responsável pela "morte" da chamada Lei Seca é, na verdade, a falta de fiscalização efetiva. De nada adianta a lei prever regras, exceções, punições e não existir a fiscalização necessária para torná-la efetivamente aplicável.

Assim, a discussão ainda terá "pano para mangas". Está longe de ser pacificada.

Desta forma, entendo que a melhor solução para nós, cidadãos, é agirmos com bom-senso. Não entendo o porquê da necessidade de uma lei dizer o que todos nós sempre soubemos. Direção e bebida não combinam: isso é de conhecimento de todos.

Tenhamos consciência das consequências de nossos atos a despeito de qualquer previsão legal ou discussão sobre ela.

Clique aqui para ler a íntegra do Projeto de Lei nº 6.062/09.



4 comentários:

Dgust disse...

Olá
Sabe que um meeedooo gde que eu tenho é quanto a intervenção do Estado na liberdade do cidadão, e essas leis cuja executoriedade fica a cargo da polícia ai eu arrepio mais... Penso que a solução não é uma nova norma escrita, o problema está na base, como vc mesma mencionou, conscientisação e fiscalização justa e eficaz, o que ao meu humilde ponto de vista está bem distante da realidade do nosso país.
Abraço

Taízi Fonteles Toledo disse...

Concordo plenamente, Sheila. Considero um absurdo o Poder Legislativo ter que se ocupar em fazer leis deste tipo, quando tudo estaria resolvido com um pouquinho de bom-senso. Mas, é característica nata do ser humano ter este tipo de necessidade! Fazer o que, não é?

Lontra disse...

Fala, Taízi!!!

Boa sua iniciativa de montar um blog com o temo do nosso cotidiano.

Sobre o post em questão, a "inversão do ônus da prova" pretendida realmente é o meio mais eficaz para reduzir o número de engraçadinhos que se recusa a fazer o teste.

O problema é, como você mesma disse, passar pelo crivo da constitucionalidade, pois a "presunção de paternidade" também não é legal, é coisa do STF.

Só com muitos recursos e um pronunciamento do STF, como no caso da recusa ao DNA, é que teremos essa maravilha que é a culpa presumida em caso de pessoas irresponsáveis.

Mas ainda acho que só transformando as bebidas alcóolicas em substâncias ilícitas é que esse país tem jeito.

Mas ainda temos tempo.

Grande abraço, Pequena.

Taízi disse...

Oi Lontra... rsrs! Esse apelido é para não dizerem que você fica no anonimato???
Olha, que você escreve bem eu já sabia, mas não sabia que tb tinha um blog? Por que nunca me disse? Adoro o seu humor ácido...rsrs! Vou ler com calma seus textos e deixar comentários!
Abraços!